Fabricação de produtos de limpeza bate recorde em 2024, mas setor está pessimista para 2025

Fabricação de produtos de limpeza bate recorde em 2024, mas setor está pessimista para 2025

Para a ABIPLA, entidade que representa a categoria, alta nos custos de produção deve impactar resultado do ano.

De acordo com levantamento realizado pela ABIPLA – Associação Brasileira das Indústrias de Produtos de Higiene, Limpeza e Saneantes de Uso Doméstico e Profissional, os fabricantes de saneantes cresceram 9,1% em seus níveis de produção em 2024. No entanto, mesmo após quebrar recorde de produção, o setor está pessimista para 2025.

“O pessimismo parece contraditório após o setor estabelecer seu recorde histórico de produção, mas a verdade é que muitos dos fatores que derrubaram a produção do setor em 2022, quando tivemos retração de 5,7%, parecem se apresentar novamente em 2025: desvalorização cambial, alta nos custos de combustíveis e energia e crescimento geral nos custos de produção”, afirma Paulo Engler, diretor-executivo da ABIPLA.

O sentimento do setor, por sinal, foi captado no último ICEI – Índice de Confiança do Empresário Industrial, realizado pela CNI – Confederação Nacional da Indústria, que apontou que a confiança do setor de limpeza e higiene pessoal caiu de 56,5 pontos em janeiro de 2024 para 48,4 pontos em janeiro de 2025 – pontuações abaixo de 50 indicam pessimismo dos produtores.

Como citado por Engler, a alta nos custos da indústria foi acentuada em 2024. De acordo com relatório Índice de Preços ao Produtos, do IBGE, os setores de produtos de limpeza e de higiene enfrentaram um aumento acumulado de 4,5% nos custos de produção no ano passado. “E isso aconteceu em um período em que os produtos de limpeza tiveram redução de preços ao consumidor”, diz o diretor-executivo da entidade.

Conforme dados do INPC – Índice Nacional de Preços ao Consumidor, os artigos de limpeza tiveram redução média de 1,2% nos preços em 2024, com produtos como sabão em barra, sabão em pó e saco de lixo com quedas entre 3% e 5% nos preços. “A conta não fecha e isso explica o pessimismo. Os produtos de limpeza são extremamente sensíveis a preços e, caso haja um ajuste nos valores dos produtos por parte da indústria, a demanda cai de forma proporcional. Os fabricantes ficam em uma posição difícil e as perspectivas são de estabilidade ou até uma pequena queda na produção em 2025”, analisa.

Crescimento no longo prazo

Apesar do pessimismo no curto prazo, para Engler há razões para acreditar que uma possível retração deve ser encarada apenas como um ajuste de um mercado que, no longo prazo, segue em tendência de alta. “A receita que levou o setor a quebrar recordes seguidos será mantida: planejamento estratégico, gestão eficiente e o compromisso contínuo das empresas em oferecer produtos de qualidade a preços competitivos”, diz.

Vale lembrar que, em 2024, novamente o setor encerrou o ano com saldo positivo de contratação de colaboradores, de acordo com CAGED – Cadastro Geral de Empregados e Desempregados. O saldo positivo foi de cerca de 2 mil postos de trabalho, o que fez com que o setor atingisse a marca de 95 mil empregos diretos.

Alerta de saúde pública

A informalidade no mercado de saneantes caiu pela metade entre 2021 e 2024, mas ainda representa um desafio significativo para a sociedade brasileira. A ABIPLA tem trabalhado ativamente para reduzir a presença de produtos clandestinos no mercado, por meio de campanhas de conscientização e colaborações com órgãos reguladores. A informalidade impacta as empresas formais e os consumidores, que muitas vezes adquirem produtos sem garantia de qualidade e segurança sanitária.

O uso desses produtos pode comprometer a eficácia da higienização e representar riscos à saúde, além de ocasionar prejuízos materiais. A entidade reforça a importância de adquirir produtos apenas regulamentados e registrados junto à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). Todo saneante vendido no Brasil deve ter em seu rótulo o número de Registro ou de Notificação da ANVISA. Caso a informação não esteja no rótulo, há uma grande chance de se tratar de um produto clandestino.

Sobre a ABIPLA

Fundada em 1976, a Associação Brasileira das Indústrias de Produtos de Higiene, Limpeza e Saneantes de Uso Doméstico e de Uso Profissional (ABIPLA) representa os fabricantes de sabões, detergentes, desengordurantes, produtos de limpeza, polimento e inseticidas, promovendo discussões sobre competitividade, inovação, saúde pública e consumo sustentável. O setor movimenta US$ 7,5 bilhões anuais e responde por, aproximadamente, 95 mil empregos diretos.

Perfil do porta-voz

Paulo Engler é formado em Direito pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho e Mestre em Direito Tributário pela PUC-SP. Ocupou cargos de direção em multinacionais e em associações setoriais de grande porte. Atualmente, é diretor-executivo da ABIPLA e SIPLA, além de ser Presidente Executivo do IdQ – Instituto Nacional do Desenvolvimento da Química.

Link para fotos do porta-voz: https://drive.google.com/drive/folders/1NOnN4XCWhQ_aPTBG0LI7IN6Dneok1BmC?usp=sharing

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