Balanço 2022: setor de saneantes apresenta queda na produção
ABIPLA destaca que custo de produção e aumento da informalidade afetou números do setor em 2022. Entidade, no entanto, prevê que, em 2023, a indústria de produtos de limpeza cresça 2%, que era a previsão do ano passado, mas não se confirmou. Com a estabilização das cadeias de suprimentos mundiais, a entidade acredita que a recuperação será viável este ano.
De acordo com informações da ABIPLA – Associação Brasileira das Indústrias de Produtos de Higiene, Limpeza e Saneantes de Uso Doméstico e de Uso Profissional, o setor de saneantes registrou retração de 5,7% na produção industrial anual em 2022. Segundo o diretor-executivo da entidade, Paulo Engler, o setor, que cresceu acima do PIB na última década, viveu um momento de ajuste de mercado no ano passado e teve de lidar com a escalada dos custos de produção nos últimos dois anos, além de sofrer com um sensível aumento no consumo de produtos informais e clandestinos neste período.
“O ano de 2022 teve, entre seus principais desafios, a alta do custo de produção. Apenas como referência, enquanto o aumento médio do IPP – Índice de Preços ao Produtor da indústria brasileira geral foi de 3,1%, o da indústria de saneantes atingiu 17%. Isso limita o crescimento. Mas, é preciso lembrar que o nosso setor registrou recorde histórico de produção industrial em 2019, mantendo-se neste patamar em 2020 e 2021”, analisa Engler.
Segundo ele, a partir de 2021, o setor passou a sofrer intensa pressão de preços, especialmente, por conta do aumento dos custos de energia elétrica, dos combustíveis e da alta do dólar, além dos impactos da inflação mundial nos valores de matérias-primas e embalagens. “A desorganização das cadeias de suprimentos mundiais ocasionada pela pandemia e, em seguida, pela guerra na Europa afetou as operações industriais de todos os setores nos últimos dois anos, mas acredito que, a partir deste ano, teremos um cenário de maior estabilidade em relação a preços”, afirma.
Informalidade e saúde pública
Engler lembra que outro ponto que afetou, negativamente, o setor, em 2022, foi o aumento da informalidade e da pirataria de produtos de limpeza. “Em 2021, nós fizemos um estudo sobre a informalidade no setor e constatamos que 22% dos produtos de limpeza de uso doméstico utilizados, no Brasil, eram informais, ou seja, eram itens que não tinham inscrição ou registro na ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária, o que é obrigatório no País. No ambiente profissional, a informalidade chegava a 18%. De acordo com estudos internos da ABIPLA, houve um sensível aumento no consumo destes produtos em 2022. Isso é um risco à saúde pública”, diz.
Em relação à pirataria, também crescente, a entidade pretende realizar um estudo, ainda em 2023, sobre o tema, mas Engler destaca que o volume de produtos falsificados aumentou desde o surgimento da pandemia. “A falsificação de produtos de limpeza é um grave problema sanitário, já que o consumidor pensa estar levando para casa um produto atestado pela ANVISA, quando, na verdade, adquire um item falsificado, que pode não apenas ser ineficaz como potencialmente danoso aos ambientes e à saúde da população”, alerta o diretor executivo da ABIPLA.
Além do consumo de produtos informais e clandestinos, Paulo Engler destaca que a população deve evitar a mistura caseira de produtos de limpeza, outra prática que cresceu nos últimos anos, o que levou a ABIPLA, em parceria com o CFQ – Conselho Federal de Química, a desenvolver campanhas informativas sobre os riscos de se misturar saneantes em desacordo com as informações do rótulo, já que, além de serem ineficientes, essas misturas caseiras podem provocar danos em objetos e superfícies e até levar à formação de gases tóxicos, prejudiciais à saúde humana e de animais de estimação, por exemplo. A indicação é que apenas as diluições ou misturas indicadas expressamente nos rótulos dos produtos sejam realizadas.
Projeção 2023 – Crescimento à vista
Apesar dos desafios, para 2023, a ABIPLA projeta um crescimento dos níveis de produção de 2%. “A demanda por produtos de limpeza se mantém e as empresas do setor estão com diversos produtos a serem lançados no mercado. Com isso, a expectativa é que, neste ano, possamos retomar a trajetória de crescimento”, afirma Engler, lembrando que os produtos de limpeza têm papel fundamental na saúde pública nacional. “A população brasileira entende que os saneantes ajudam a evitar diversos tipos de contaminações.”
Empregos se mantêm estáveis no setor
Outro ponto positivo de 2022 é que a indústria de saneantes conseguiu manter estáveis os níveis de emprego. Atualmente, o setor emprega cerca de 90 mil pessoas, diretamente, e, de acordo com dados do CAGED – Cadastro Geral de Empregados e Desempregados, contratou mais do que demitiu, desde o surgimento da COVID-19. “Apesar do ajuste nos níveis de produção em 2022, nossos associados têm mantido seus projetos de expansão e crescimento, inclusive, com a inauguração de novas plantas em diversas regiões do País, o que aumenta geração direta de empregos e leva desenvolvimento aos locais de produção”, explicou Engler.
Sobre a ABIPLA
Fundada em 1976, a Associação Brasileira das Indústrias de Produtos de Higiene, Limpeza e Saneantes de Uso Doméstico e de Uso Profissional (ABIPLA) representa os fabricantes de sabões, detergentes, desengordurantes, produtos de limpeza, polimento e inseticidas, promovendo discussões sobre competitividade, inovação, saúde pública e consumo sustentável. O setor movimenta R$ 32 bilhões anuais e responde por, aproximadamente, 90 mil empregos diretos.
Perfil do porta-voz
Paulo Engler é formado em Direito pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho e Mestre em Direito Tributário pela PUC-SP. Ocupou cargos de direção em multinacionais e em associações setoriais de grande porte. Atualmente, é diretor-executivo da ABIPLA.
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