Gamificação no setor de produtos de limpeza
Workshop para jornalistas: CFQ e ABIPLA promovem ação educativa contra misturas caseiras de saneantes
Aproximação com jornalistas reforça parceria institucional
De nada basta o conhecimento – se ele não for compartilhado e, mais ainda, aplicado de maneira assertiva. Diante do desafio de levar a informação correta ao maior número de pessoas, nada supera o bom uso da mediação dos comunicadores. No caso específico, o Conselho Federal de Química (CFQ) e a Associação Brasileira das Indústrias de Produtos de Higiene, Limpeza e Saneantes (ABIPLA) formaram uma parceria para dissipar as fake news que de tempos em tempos aparecem nas redes sociais.
Para fazer com que os dados corretos oriundos das duas instituições tenham o alcance merecido, CFQ e ABIPLA realizaram uma primeira rodada de contato com jornalistas. O local escolhido para o Workshop “Limpando conceitos, clareando ideias!” foi Brasília, na sede do CFQ. A segunda etapa deverá ocorrer em São Paulo.
O escopo do evento desta terça-feira foi um alerta aos riscos da utilização incorreta de produtos de limpeza. Muitas vezes, mesmo que por puro desconhecimento, para reduzir os custos domésticos ou para potencializar o efeito de saneantes vendidos no mercado, pessoas sem a devida capacitação promovem misturas por conta própria. O objetivo do workshop é apresentar aos jornalistas os riscos à saúde que essas iniciativas oferecem – provocando acidentes e, não raro, internações hospitalares.
Os jornalistas participantes, ao chegarem, receberam um jogo de tabuleiro especialmente produzido pelo CFQ e a ABIPLA: o “Mistura Explosiva” é um dos tradicionais jogos cujo objetivo é “avançar casas” mediante os pontos oferecidos pelo par de dados. No caminho, as cartas oferecem informações valiosas sobre os riscos das misturas domésticas. o jogo possui ainda QR-Codes impressos cuja função é levar conteúdos em vídeo, ampliando o espaço e a variedade de linguagens em que a mensagem é levada à audiência.
Workshop teve jogo de tabuleiro, descontração e muita conscientização
O workshop foi aberto pela presidente da ABIPLA, Juliana Marra. Ela apresentou uma série de números do setor industrial ligado aos produtos de limpeza. Ela apresentou dados que indicam que o segmento é pujante no país e representa uma das maiores plantas de produção de saneantes do mundo – mas que o consumo per capita de produtos de limpeza no Brasil fica muito aquém do desejado.
“Nosso consumo de saneantes perde para Argentina… Em ano de Copa, não dá pra aceitar derrota para a Argentina” afirmou Juliana, arrancando risos de todos.
A presidente da Abipla falou também do jogo de tabuleiro e destacou os esforços que têm sido feitos para que a mensagem relativa aos riscos das misturas caseiras chegue ao maior número de pessoas.
“Esse jogo foi feito porque o nosso tema principal, produtos de limpeza, seja visto de maneira mais lúdica e didática”, comentou.
Em seguida, foi a vez do conselheiro federal Ubiracir Fernandes Lima Filho. Ele tratou de fazer a interface entre a regulação do mercado de saneantes e os perigos oferecidos por atividades clandestinas, sem a supervisão de um profissional.
“Quando um produto de limpeza chega ao mercado, ele é resultado do trabalho de profissionais que repetem testes centenas de vezes até chegar a uma concentração correta dos produtos”, afirma Ubiracir.
O conselheiro federal destacou que a gestão do risco na manipulação dos produtos cabe ao profissional. E mesmo quando é seguro fazer as misturas, a escolha da concentração correta demanda conhecimento.
“Qualquer substância química é perigosa! Como profissionais da Química, trabalhamos com esses riscos. A diferença entre o remédio e o veneno é basicamente a concentração, sem contar que cada organismo reage de uma forma diferente”, lembrou.
O conselheiro federal Jonas Comin apresentou brevemente a estrutura do Sistema CFQ/CRQs aos jornalistas presentes ao workshop. Ele aproveitou ainda para levar a mensagem de que a associação entre a palavra “Química” e a ação nociva às pessoas e ao meio ambiente é equivocada e precisa ser combatida. Ele apresentou um trecho do texto de Martha Reis, publicado no livro Química Integral, e que oferece uma ideia de que em tudo que fazemos – e até no que somos – há Química.
“Ah, mas você vai dizer que pode continuar usando isso sem tomar conhecimento da Química? Não, não pode! Porque você é um produto químico. Todos os seres são produtos de reações químicas”, destacou Comin.
A ação foi vista como um sucesso pela chefe da Assessoria de Comunicação do CFQ, Jordana Saldanha.
“É um passo importante para a nossa aproximação com os meios de comunicação. Eles são um dos principais instrumentos com que contamos enquanto conselho profissional para cumprir nossa missão de garantir a segurança da sociedade onde existe um trabalho de profissional da Química”, explica Jordana.
Ela reverbera o objetivo principal da ação, a questão das misturas.
“No caso das misturas a gente tem observado uma viralização de” ensinamentos ” por “especialistas” em receitas milagrosas, caseiras, misturando produtos de limpeza que vão fazer a diferença num tapete ou em uma roupa mais limpa. Muitas vezes, existem dois problemas graves envolvidos. Um, para o bolso. É uma falsa sensação de economia. Já o segundo, é ainda mais sério, a questão da intoxicação. Algumas misturas podem levar até à morte. Estamos aqui para propagar a informação correta”, concluiu.
Questões legais envolvem a prática irregular de fazer misturas em casa
Importante destacar que há, também, implicações legais para a produção clandestina e desvio de funcionalidade. Os estabelecimentos comerciais ficam passíveis a penalidades quando, para alavancar vendas, colocam na mesma prateleira produtos de limpeza junto com itens de cozinha como o vinagre, afinal são produtos com registros de autorizações em órgãos diferentes.
Enquanto o produto de limpeza tem seu registro obtido na Anvisa, o vinagre está registrado no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Portanto, não podem estar na mesma gôndola, por uma questão de segurança dos alimentos.
A mistura, ou adição recíproca, o acondicionamento em embalagem e a reembalagem de produtos químicos e seus derivados, cuja manipulação requeira conhecimentos de Química, é uma atividade privativa dos Profissionais da Química. Por isso que produtos de limpeza regulares contam com o trabalho e a supervisão de profissionais devidamente habilitados e registrados no sistema CFQ/CRQs.
Entrevista da Presidente da ABIPLA Juliana Marra para TV Cultura