Entrevista de Paulo Engler para Plásticos em Revista
De Carona no corona
Edição 674, Novembro de 2020. Plásticos em Revista
Ombro a ombro com alimentos e medicamentos, produtos de higiene e limpeza formam o kit do isolamento pandêmico. O crachá de bens indispensáveis blinda os saneantes, para júbilo de suas embalagens plásticas, contra a maré cheia vermelha que afoga os balanços do mundaréu de setores vitimados pelo confinamento. Por essas e outras, em contraste com a atual previsão de PIB de -4,5%, a indústria brasileira de saneantes, mimada com o faturamento de R$ 26 bilhões em 2019 e com salto de 5,9% na produção de janeiro a julho, curte agora o invejável exercício de matutar se, como previa antes do corona, cresce de 3% a 3,5% neste ano zumbi em que, para qualquer reduto não imune ao vírus, empatar com 2019 já mereceria o Nobel. “O auxílio emergencial ajudou a impulsionar as vendas e o crescimento que projetamos no ano passado para 2020 deve se concretizar”, confia Paulo Engler, diretor executivo da Associação Brasileira das Indústrias de Produtos de Higiene, Limpeza e Saneantes de Uso Doméstico e Profissional (ABIPLA). Mesmo com o fim do coronavoucher e permanência de desassossego na economia e desemprego e dólar nos píncaros, o dirigente acha que seu setor vai flanar em 2021 em linha com o azul do PIB. O Banco Central hoje estima a futura taxa em 3,9% desde que as reformas estruturais saiam do limbo.
Neste último trimestre, em particular, a volta da inflação, sequela do dólar nas alturas, tem fraquejado o poder aquisitivo de baixa renda, em especial dos beneficiados com o auxílio emergencial, que carrega nas costas o consumo nacional. Engler deixa claro que esse encarecimento inibidor de vendas, notado em alimentos como carnes e arroz, tem passado ao largo da procura por saneantes. “Medida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a cesta de limpeza do período de janeiro a setembro último demonstra que os preços desses produtos não foram majorados muito acima da inflação oficial, pois o acumulado aferido pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) foi de 2,56% enquanto o do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ficou em 2,51%, evidenciando que os gastos com saneantes não penalizaram as classes mais pobres”.
Novos produtos
O setor tem mostrado que sabe fazer do limão da conjuntura trevosa uma limonada. “No enfrentamento da pandemia, as pessoas priorizaram produtos tradicionais para higienização, como sabão em barra, água sanitária e desinfetantes, assegurando-lhes produção e vendas robustas este ano”, considera Engler. “Mas o processo de conscientização da assepsia de ambientes e superfícies como ferramenta de saúde pública fomentou a chegada de novos produtos, a exemplo de lenços umedecidos contendo desinfetantes e desinfetantes em spray, alguns deles homologados para combater o corona”. Outras referências alinham álcool em aerossol e saneantes multiuso agregando álcool e bactericida. “Também cresceram os lançamentos de detergentes para roupas hipoalergênicos e com enzimas”, completa o diretor da Abipla.
Desde 2016, atesta monitoramento da Nielsen, declina no Brasil o volume de vendas de detergentes para lavar roupa e sabão em barra. Engler acha que a pandemia pode interromper essa descida. “Ainda não temos os números, mas as vendas de sabão em barra aumentaram em 2020, indicando que a curva de queda nos últimos anos deverá se inverter”. Quanto ao recuo nas vendas de detergentes para lavar roupa, ele o atribui, em especial, a um quarteto de causas. “Ocorre uma constante e gradual substituição do sabão em pó por detergentes líquidos para lavar roupas e, entre eles, ganha força a categoria dos concentrados”, argumenta Zengler. Os dois motivos restantes, aponta, compreendem a eficiência maior da nova geração de lavadoras de roupas e as campanhas sobre o uso correto nelas do sabão em pó, feitas por várias marcas desse produto. “Desse modo, à medida em que as soluções para lavar e tratar roupas se sofisticam, as pessoas as utilizam em menor quantidade e pagam por elas um preço mais adequado, convergindo para o declínio no volume de vendas desses detergentes líquidos notado nos últimos anos”.
Efeito positivo da pandemia, a repentina conscientização sobre a necessidade da desinfecção deve impelir a expansão do mercado de saneantes em geral, inclusos aqueles de vendas praticamente estáveis desde 2016, como desinfetantes, amaciantes, água sanitária, alvejantes e detergentes para lavar louça, sustenta Ziegler. “O vírus tornou indispensável higienizar a casa, o escritório, o automóvel, transporte público, fábricas, lojas, escolas; enfim, todos os locais onde as pessoas estejam. Essa situação torna-se permanente, pavimentando o crescimento da demanda por produtos de limpeza”.
A vez do tamanho família
Edson Berggren, presidente da Barbarex, indústria paulista de saneantes com 40 anos de estrada, endossa a visão de Paulo Ziegler. “O aumento da demanda por nossos produtos domissanitários decorre mais da preocupação redobrada de frear a transmissão do vírus do que em razão da quarentena em si ou do auxílio emergencial”, ele atribui. “Os meses à frente, em especial o primeiro semestre de 2021, devem corroborar essa perspectiva, mesmo com a flexibilização do distanciamento social e a eliminação do suporte financeiro oferecido pelo governo à população mais carente”. A curto e médio prazo, reitera Berggren, o temor da contaminação deve esporear as compras de itens como sabões, desinfetantes, detergentes e alvejantes. No portfólio da Barbarex, ele ilustra, desinfetantes e água sanitária compõem os campeões de vendas este ano.
As mudanças nos hábitos de consumo de saneantes tornaram as embalagens de cinco litros as de maior aumento nas vendas da Barbarex, como exemplifica o movimento de água sanitária, assinala o presidente. “A procura por maior litragem destaca-se em lojas e supermercados”, distingue Berggren. “O combate à pandemia e a economia embutida no tamanho maior atraem cada vez o consumidor para esse tipo de embalagem”.
Em contraste com a opulência do consumo, Berggren chama a atenção para sobressaltos no flanco dos insumos. “Desde o início do segundo trimestre, o setor de produtos de limpeza sente um reflexo da pandemia: o aumento crescente e preocupante dos preços de matérias-primas”, assinala o industrial. “Madeira, ferro, resinas plásticas, alumínio, vidro, papelão; enfim todo o suprimento primário sofre desabastecimento devido à alta do dólar que encarece o fornecimento internacional e torna a oferta nacional mais atraente para exportação”. Daí os verificados aumentos de até 80% nos custos desses itens, ele completa. “Os reajustes estendem-se a todas as matérias-primas e são refletidos nos preços de venda de todas as linhas da Barbarex, penalizando seus consumidores”.
Apesar desse ônus, Berggren considera bem sucedida a performance da empresa este ano. Animado, ele adianta o plano de ampliar, no ano que vem, o catálogo e a capacidade instalada em Nova Odessa, a 124 km da capital paulista. Nada como vender saúde.
Não parece voo de galinha
Novos comportamentos pavimentam alta regular para vendas de saneantes, confia a Saviplast
38 anos atrás, produtos de limpeza foram o primeiro setor assediado pela gaúcha Saviplast com seus frascos soprados. Corte para hoje: além desse campo precursor, a empresa hoje cobre, com recipientes de polietileno de alta densidade (PEAD) e PET, os redutos de agroquímicos, fármacos, alimentos e lubrificantes e fluidos automotivos. No olho do furacão da atual crise sanitária, o negócio de embalagens para saneantes deslancha e assim deve prosseguir, na esteira dos cuidados redobrados com a higienização que caminham para permanecer na sociedade após a pandemia, aposta Rodrigo Pulita, gerente geral da transformadora sediada em Caxias do Sul. Na entrevista seguir, ele revela que o mercado de hoje agrupa o melhor e o pior dos mundos. De um lado, borbulham os pedidos de embalagens para produtos de limpeza. Do outro, ele completa, estala a enxaqueca dos seguidos reajustes nos preços e disponibilidade incerta de PEAD, a resina mais utilizada pela Saviplast.
Saviplast sopra frascos para alimentos, fármacos, lubrificantes, agroquímicos e produtos de higiene e limpeza. Pré-pandemia, este último setor respondia por qual participação nas vendas e qual a posição agora?
Em média, 20% do faturamento da empresa vinha do setor de higiene e limpeza. Sob a pandemia, este indicador subiu com rapidez à faixa de 40% a 45%. Tivemos muitos pedidos de clientes novos, em busca em especial de embalagens para álcool gel. Acho que a participação do setor tende a voltar àquele nível normal, pois a maioria das novas demandas que citei veio de empresas que, atentas à preocupação do consumidor com higienização e desinfecção, se voltaram à fabricação de saneantes como o álcool gel. Uma vez que com este abastecimento o mercado melhorou, essa procura acentuada por frascos tem voltado a estabilizar, de modo que a fatia do setor de higiene e limpeza caminha agora para cerca de 25% na receita da Saviplast.
O confinamento e auxílio emergencial têm favorecido mais a procura por embalagens grandes, médias ou pequenas para produtos de higiene e limpeza este ano?
Percebemos no setor de higiene e limpeza um aumento do consumo linear em todos os tamanhos de embalagens. Os produtos envasados em recipientes de menor porte tiveram grande pico de vendas no início da pandemia, mas agora voltaram aos patamares normais. Já os saneantes ofertados em embalagens grandes e para uso profissional seguem com curva de crescimento.
A pandemia vem tendo o condão de ampliar a presença de PET nos frascos de higiene e limpeza no Brasil?
De fato, PET vem aumentando a presença nas prateleiras de higiene e limpeza. Entendemos que esses produtos passam a ter um novo papel na cultura de seu uso e a apresentação em PET vem ganhando força. O ponto alto dessa tendência são as embalagens de uso diário de álcool gel, nos mais variados tamanhos.
Grandes fabricantes de produtos de higiene e limpeza alardeiam usar cada vez mais PET pós-consumo reciclado em seus frascos. A pressão da economia circular tende ou não a reduzir a participação de PET virgem nas embalagens do setor?
A tendência do uso do PET reciclado é mundial e o Brasil não pode ficar de fora. Mas para transformadores de pequeno e médio porte, essa tendência em frascos de produtos de higiene e limpeza só vingará à medida em que os grandes fabricantes de pré-formas apresentarem custos competitivos, bom acabamento e, principalmente, desempenho de forma linear no processo produtivo. Percebemos o uso do PET reciclado nos grandes transformadores, porém a presença nos pequenos e médios ainda é tímida e, por ora, o material não representa um grande diferencial para os clientes deles.
Quais os modelos específicos de seus frascos de PEAD e PET mais procurados este ano para produtos de higiene e limpeza?
Em PEAD, tiveram mais demanda as bombonas de 5 litros e frascos de 1 litro e 500ml munidos de bocal de 28mm. Em PET, os frascos de 500ml para álcool gel têm sido fornecidos em grande quantidade. No plano geral, a procura por frascos de PET para saneantes aumentou no início da pandemia, mas hoje está normalizada, enquanto a demanda por embalagens de PEAD aqueceu com a propagação do vírus e assim continua.
A queda este ano na coleta de plásticos pós-consumo tem reduzido a disponibilidade e encarecido a resina reciclada. Como a Saviplast encara esta situação para suprir a contento clientes de produtos de limpeza que solicitam frascos de material reciclado?
Além do sopro de PET virgem, trabalhamos no setor de higiene e limpeza com PEAD virgem e reciclado. Contrariando a afirmação da pergunta, tivemos mais oferta dos reciclados (logicamente a preços maiores devido aos aumentos no preço da resina virgem) por contarmos com grandes fornecedores parceiros. Não tivemos problema em negociar as demandas de resina reciclada. Em sua maioria, os produtores que usam resina desse tipo são clientes daqui do Rio Grande do Sul e utilizam 100% de reciclado na formulação de seus frascos. Por incrível que pareça, o grande desafio ainda persiste na disponibilidade e estabilidade de compra de PEAD virgem.
Além de embalagens de artigos de limpeza, a Saviplast transita por frascos de outros produtos essenciais – alimentos e fármacos. A procura aquecida desses frascos exige que a empresa amplie sua capacidade?
Essa época de pandemia é um desafio para todas as indústrias. Tínhamos um planejamento forte para 2020 e que teve de ser completamente revisado. No momento, a capacidade produtiva está sendo ampliada em 25% no âmbito de embalagens para produtos alimentícios e farmacêuticos. Quanto a 2021, apesar dos maus momentos de 2020, seguimos otimistas com a possibilidade de incorporar mais sopradoras e recursos de automação do processo, com apoio em projetos exclusivos para clientes, o foco por excelência da Saviplast. A propósito, não injetamos pré-formas. Alguns projetos de pesos, bocais e cores especiais talvez nos levem a este caminho, mas nada é garantido por enquanto.
Quais as melhorias introduzidas este ano em sua operação industrial?
Investimos em sistemas para controle de processo e da qualidade, em novos equipamentos para acelerar o setup, reduzir a geração de resíduos e fortalecer áreas de decoração de embalagens para clientes com projetos voltados ao setor alimentício.
Com o aumento da dívida pública e do desemprego, dólar caro e instável, eliminação do auxílio emergencial e declínio do imobilismo social, quais as suas expectativas em relação à demanda de produtos de higiene e limpeza em 2021 versus 2020?
Cremos que uma nova cultura na área de higiene pessoal e industrial foi criada em 2020 e imaginamos que os consumos ligados a isso sigam altos. Como estes produtos vinculam-se ao bem estar pessoal, com foco na saúde, sabemos que serão uma prioridade para a população e seu consumo se manterá estável. Prevemos alta no consumo desses itens em 2021 e uma maior personalização desses itens. No entanto, nos preocupa as sequências de aumentos de preço de matéria-prima, dando a entrever um panorama instável na economia e que, decerto, será mais um grande desafio para todas as empresas.
A produção do show
Resinas e masters que dão banho de loja e aura verde
Apesar do alvoroço criado sob a pandemia com a escalada de PET em produtos de higiene e limpeza (álcool gel o diga), a supremacia de polietileno de alta densidade (PEAD) nos frascos do setor chega a abusar de tanta imunidade à covid-19. “Antes dela, a indústria de saneantes respondia por 30% de nossas vendas internas da resina para embalagens sopradas”, situa Fabio Agnelli, responsável por Engenharia de Aplicação da Braskem, único produtor de poliolefinas do país. “Esporeado este ano pelo auxílio emergencial e o apelo da higienização, o volume de vendas de PEAD para o setor aumentou 15%, elevando a 33% sua participação no movimento do polímero destinado ao sopro de frascos, containers e bombonas em geral”.
Agnelli fisga duas tendências chave, alinhadas com a economia circular, em curso nas embalagens rígidas para produtos de higiene e limpeza: o uso de resina pós-consumo reciclada a redução de espessura dos recipientes sem prejuízo de sua performance. São essas as molas propulsoras do recente desenvolvimento de dois blends de PEAD virgem e reciclado, os grades DA065A (branco) e B (preto). “Sua boa processabilidade e resistência química os encaminha ao sopro de embalagens de até cinco litros”, acena o especialista. No arremate, ele encaixa a adequação do copolímero RIGEO 4950HSM, com 0,31 g/10 min de fluidez e 0,953 g/cm³ de densidade, para soprar recipientes de até 20 litros, a tiracolo de chamarizes como a resistência exemplar ao impacto, rigidez, stress cracking e ao contato com substâncias tensoativas e produtos químicos.
Desinfetando o baixo astral
Pela primeira vez (e por motivos óbvios), a indústria de produtos de higiene e limpeza divide este ano com o agronegócio o pódio dos mercados que puxam as vendas das sopradoras por extrusão contínua da brasileira MultipackPlas, atesta o diretor comercial Ulisses Fonseca. “Nossas linhas cobrem todos os tamanhos de frascos de saneantes”, ele abrange. “Em categorias como multiuso reina absoluta a embalagem de 500 ml, enquanto em produtos como amaciante, água sanitária e desinfetante é forte a inclinação por recipientes de 3 a 5 litros”.
O portfólio atual da MultipackPlas agrupa 20 modelos inseridos nas séries hidráulica Autoblow e elétrica Ecoblow, além do equipamento Ecoblow ISBM 50/50, desenhado para injeção/ estiramento/sopro de PET. No momento, detalha Fonseca, as vendas para embalagens de produtos de higiene e limpeza repartem-se por igual entre sopradoras hidráulicas e elétricas, estas munidas de moldes desenvolvidos no Brasil para se adequarem à rapidez e precisão do processo. O diretor distingue o interesse despertado pelas máquinas elétricas com base nos atributos da economia energética e, fruto de parceria com empresas alemãs, dos cabeçotes multicamada.
Embalagens flexíveis também despontam na seara dos saneantes, no envase de produtos como detergentes em pó ou amaciantes concentrados. Agnelli retoma o fio assinalando o empenho da Braskem em prover sustentabilidade a esses sacos tipo almofada ou stand up pouch ofertando soluções monomaterial de polietileno. “As etapas de extrusão, impressão, corte e laminação requerem filmes que aliem polietilenos de baixa densidade (PEBD) e linear (PEBDL), entrando PEAD em casos de embalagens dependentes de maior rigidez”. Estribada nessas preliminares, a Braskem comparece nas gôndolas de higiene e limpeza com soluções como os grades de PEBD EB853/72 e TS7006. “Conferem estabilidade à extrusão de filmes tubulares dotados de alto brilho”, sumariza o técnico. No cercado de PEBDL, ele distingue os tipos metalocênicos Proxess 1509XP e Flexus 9212XP. “Além da excelência na selagem e resistência mecânica, proporcionam estabilidade final ao controle de deslizamento (COF) dos laminados”, enfatiza Agnelli. Em PEAD, ele amarra as pontas, a a bola da vez é a recém-chegada resina HD5000N. “Possibilita a obtenção de estruturas mais rígidas, substituindo assim polímeros incompatíveis com polietilenos na composição de flexíveis laminados, tornando-os monomaterial e mais simples de reciclar”.
No espírito dos males que vêm para o bem, a pandemia teve o condão de ampliar a presença de PET no envase de produtos de higiene e limpeza, atesta Fernanda de Souza Belli, analista de marketing da produtora do poliéster Petroquímica Suape (PQS). “Preocupados em se higienizar e desinfectar ambientes, os consumidores aumentaram a frequência e quantidade desses produtos em suas compras, favorecendo por extensão o emprego de PET virgem e pós-consumo nesses frascos, como ilustra a preferência pela resina para acondicionar álcool gel em razão da transparência, resistência e possibilidade de amoldar-se a diversos formatos de embalagem”. Outras categorias nas quais PET tem se destacado, exemplifica a executiva, são desinfetantes, antibacterianos e concentrados de limpeza.
O carro-chefe da PQS para produtos de higiene e limpeza é o grade CSD Plus. “Conta com índice elevado de viscosidade, viabilizando o fornecimento de frascos mais leves e dotados de adequada resistência à pressão interna e stress cracking”, esclarece Fernanda. No embalo, ela adianta a chegada em 2021 ao mercado brasileiro da resina Laser+ E60A. “É o primeiro grade do portfólio global da nossa controladora Alpek a ser produzido no país”, grifa a analista de marketing. Entre os atributos do lançamento em linha com as exigências de setores como produtos de higiene e limpeza, ela distingue as reduzidas taxas de cristalização e a amplidão da janela de processamento.
No mostruário da Indorama Ventures Brasil, a outra produtora de PET no país, a bola da vez para frascos de produtos de higiene e limpeza é o grade Ramapet Turbo, aponta o diretor comercial Maximilian Yoshioka.”Ele integra a família Ramapet Indorama. Formada por resinas de ala transparência, estabilidade e desempenho nos processos de injeção da pré-forma e sopro do frasco” . Pela sua análise, antes mesmo da pandemia, produtos como detergentes, amaciantes, concentrados e limpadores em geral já acusavam participação crescente de PET em suas embalagens rígidas. “Essa tendência continua sob o atual incremento da demanda de saneantes ativada pelo vírus”.
Demanda em ciclo rápido
Refrigerantes, água mineral e óleo comestível formam a trinca de ases das vendas brasileiras de injetoras HyPET de pré-formas e HyCAP de tampas da canadense Husky. Mas fora desses redutos cativos, impressionam este ano, mesmo com a economia vacilante e o câmbio inibidor para importações, os investimentos mobilizados pelo setor de produtos de higiene e limpeza não só em máquinas, mas em ferramental, ressalta Paulo Carmo gerente da unidade de negócios de embalagens da Husky no Brasil. “As consultas e projetos foram iniciados com base na linha NexPET, mais acessível e desenhada para trabalho com moldes de injeção de até 48 cavidades, visando mercados de volumes médios”.
A propagação da covid-19 acelerou, entre transformadores dedicados ao setor de produtos de higiene e limpeza, a busca por soluções rápidas para situações novas, percebe Carmo, “Um exemplo é a demanda imediata por álcool gel, suscitando respostas já disponíveis na praça, caso da utilização de tampas e, em PET, de moldes para pré-formas de 250 a 500 ml e, eventualmente, até 1.000ml, com gargalo padrão 1881 ou 1810”. No plano geral, ele nota, a procura tem estado aquecida por recipientes de PET para produtos de higiene e limpeza de até um litro. “As vendas de nichos como água sanitária também cresceram e seus fabricantes passaram a procurar garrafas mais eficientes de PET para um litro”.
Na esfera das injetoras de pré-formas, essa conjuntura revigorada ungiu este ano as linhas HyPET 225 e 300 como campeãs de vendas internas da Husky para frascos de saneantes. “Em tampas, o foco das atenções permaneceu com a máquina HyCAP 225”, completa Carmo.
Apelo sanitário
No cercado dos materiais auxiliares, a covid-19 também vitaminou a posição do setor de higiene e limpeza no ranking dos mercados de masterbatches. “Antes da pandemia, este segmento mobilizava 23% do nosso volume de vendas e hoje o índice anda em 34%”, situa José Fernandes, sócio e diretor da componedora Cromaster. Se algo houve que a pandemia não conseguiu alterar foi a preferência estética dessa indústria. “A procura continua pautada por masters de tonalidades fores e intensas para as linhas de limpeza doméstica e pastéis e suaves para as linhas de higiene pessoal, com espaço para efeitos perolados e determinados tipos fluorescentes”, ele constata. “O que a pandemia trouxe de diferente foram as consultas, gerando desenvolvimentos em alguns casos, de masters contendo bactericidas e virucidas destinados a produtos específicos, um tipo de concentrado cujo custo alto inviabilizou seu fornecimento em volumes maiores, na contramão de nossas expectativas”.
Inspirada pelos ardis do corona no cotidiano, a componedora Termocolor ornou seu portfólio este ano com a oferta, para o setor de produtos de higiene e limpeza, de masters de cores clássicas para suas embalagens acrescidas de agentes antivirais, assinala o gerente comercial Wagner Catrasta. “Continuamos atendendo as demandas já existentes de cores sólidas e perolizadas, como branco, azul, rosa, amarelo e vermelho, mas veio uma solicitação maciça em massa para incluirmos virucidas nas formulações, sob o apelo de proteção contra a covid-19, uma procura na qual despontamos com a vantagem de já produzir masters com esse efeito sanitário bem antes da chegada do corona”. Na calculadora do executivo, masters de cores e efeitos especiais para embalagens de produtos de higiene e limpeza abocanhavam ao redor de 10% das vendas pré-pandemia da Termocolor. “Hoje em dia, a participação subiu para 18%”, calcula. •